1 de junho de 2011

A IMPORTÂNCIA DOS CASCOS PARA OS EQUINOS

Por Paula Gomes Rodrigues


O casco é o estojo córneo que recobre a parte terminal do membro locomotor do cavalo, sendo que os anteriores são maiores e mais oblíquos do que os cascos posteriores.
O casco é uma parte insensível que tem a denominação de escudo do pé que necessita de uma completa estrutura anatômica para que, durante toda a vida do animal, seja capaz de sustentar e atenuar as pressões e reações dos movimentos dos equinos. Além disso, os eqüídeos utilizam os cascos como meio de defesa, por meio dos coices, movimentos rápidos e potentes.
Potros recém nascidos possuem cascos pontiagudos, estreitos, flexíveis e cobertos com um invólucro delicado e córneo, o qual cai em poucos dias permitindo o início do desenvolvimento do verdadeiro casco. O exame freqüente dos cascos dos potros e sua manutenção irá auxiliar seu perfeito desenvolvimento.
O casco dos eqüinos é composto, basicamente, pela parede ou muralha, sola e ranilha, como pode ser observado na Figura 1.



Figura 1 – Partes anatômica dos cascos. Vista plantar (sola – 1A) e vista lateral (1B). Sendo: a = parede ou muralha, b = sola, c = ranilha.

A parede do casco é a parte visível quando o cavalo está parado, protege a frente e os lados da terceira falange e está subdividida em pinça (parte dorsal e frontal), quartos (laterais) e talões. Nos membros anteriores, o casco é mais espesso próximo às pinças e vai afinando conforme se aproxima dos quartos. Ao contrário, nos membros posteriores, a espessura das paredes é uniforme (Douglas et al., 1996, Dejardim et al., 2000). A sola e a ranilha são visível somente quando o casco está elevado. Pode-se ainda observar as barras, o vértice e o sulco da ranilha, os talões, entre outras estruturas do casco observadas na sola do eqüino.
Em se tratando de cavalos domesticados, a grande maioria tem sido vítima dos métodos empíricos e anti-naturais de aparação de cascos e ferrageamento, com características que contrariam o processo natural de sustentação mecânica do cavalo. As estatísticas mostram que de cada 100 problemas diagnosticados nos locomotores, 80% estão nos membros anteriores, responsáveis pelo sustentação de 65 a 70% do peso vivo do cavalo, e a grande maioria do joelho para baixo. A grande causa destes problemas é a falta de alinhamento do sistema digital devido ao ângulo do casco menor do que o ângulo da paleta com a horizontal.
Os principais erros observados em casqueamentos e ferrageamentos realizados de maneira inadequada são:


Remoção das barras pelos casqueadores, que desconhecem as suas funções. As barras são a continuações da muralha de sustentação e têm a finalidade de transmitir o peso para a periferia do casco e de constituir um escoramento ideal para impedir o estreitamento dos talões e bulbos. A ausência de barras concentra o peso sobre os talões e ranilha;

Perda da concavidade da sola, que se tornam grossas e planas, sem muita flexibilidade e capacidade para absorver choques e sustentar o peso. A falta de concavidade diminui as ações de expansão e contração dos cascos;

A angulação entre o casco e o sistema digital não é considerada e comparada com a condição anatômica ideal do cavalo, que é dada pelo ângulo da escápula, o animal não tem o plano de sustentação ideal, colocando o casco de forma inadequada no solo. Esta condição, aliada à condição cascos desbalanceados, com metades desiguais, é conhecida como desbalanceamento médio-lateral. A parte do casco que toca o solo por último é a que se desgasta mais, porque recebe maior esforço e atrito durante o movimento. O desbalanceamento é a causa de cascos tortos, dos vícios de movimentação dos locomotores e dos problemas de aprumos. O casco balanceado deve ter as metades iguais e os comprimentos entre cada talão até a pinça também devem ser iguais;

A abertura dos canais da ranilha (lateral, central e medial), que são fundamentais para o arejamento da sola (maior entrada de ar), facilitar o movimento de abre e fecha dos talões do casco e do trabalho de dilatação da ranilha. Quando o canal central da ranilha fica fechado podem ocorrer pododermatites exsudativas, que amolecem a ranilha provocando mau cheiro e prejudicando a performance do animal, sobretudo em piso de areia.

Casqueamento mal feito pode prejudicar seriamente o andamento e a funcionalidade de qualquer cavalo além de aumentar os riscos de lesões, principalmente, quando as estruturas e o ângulo dos cascos em relação às partes do cavalo não são respeitados. Alterações na conformação natural dos cascos podem alterar o andamento correto do animal:


Caso A: cascos aparados naturalmente com os ossos digitais alinhados (ideal). O movimento do casco acontece em semi-círculo, com o centro abaixo do plano do solo. Sendo que o auge do movimento, ou momento de maior elevação, se dá exatamente em frente ao locomotor contrário que se encontra apoiado. Nesta condição o cavalo anda com elegância, avante e com o seu rendimento máximo.
 
Caso B: casco com ângulo menor que o ângulo da paleta (achinelado). O tendão flexor profundo está mais esticado do que o normal, o animal eleva o casco de maneira excessiva, no início do movimento. O andamento fica deselegante e o rendimento prejudicado em função do alçamento.
 
Caso C: ângulo do digital é maior do que o ângulo da paleta (casco fincado). O tendão extensor fica sobretensionado. Quando o animal eleva o casco do chão o tendão extensor tende a aliviar seu esforço, e acaba adiantando o ponto máximo da trajetória do movimento. Neste caso, o animal tem andamento rasteiro e chuta a grama ou o chão com a ponta do casco. Este andamento é muito comum nos posteriores dos muares.
 
            Cavalos que se alcançam (sobre-pegada) têm alcance do casco posterior (caso C) sobre o casco anterior (caso B). A maior parte dos problemas de casco causados por casqueamento incorreto é possível ser corrigida, a aparação consciente dos cascos evita muitos problemas de locomoção dos cavalos atletas, que podem, ainda, resultar em afecções do sistema locomotor.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
 
DEJARDIN, L. M.; ARNOCZKY, S.; CLOUD, G. L.; STICK, J. A. On 4-point trimming. Journal of Equine Veterinary Science, n. 20, p. 442, 2000.
 
DOUGLAS, J. E.; MITAAL, C.; THOMASSON, J. J.; JOFRIET, J. C. The modulus of elasticity of equine hoof wall: implications for the mechanical function of the hoof. Journal of Experimental Biology, v. 199, p. 1829-1836, 1996.
 
www.toledohorse.com.br. Acessado em: 22/09/2009.
 
http://www.saudeanimal.com.br/casco.htm. Acessado em: 22/09/2009.

http://www.cavalodosuldeminas.com.br/ Acessado em: 01/06/2011.


PAULA GOMES RODRIGUES
MSc. EM PRODUÇÃO ANIMAL (UFLA)

Nenhum comentário:

Postar um comentário